quinta-feira, 8 de setembro de 2011

MELHOR RECONHECER E VALORIZAR O COMPROMISSO VOLUNTÁRIO DOS BOMBEIROS NA COMUNIDADE: um artigo de José Ferreira, da LBP.


por José Ferreira (Este texto representa apenas o ponto de vista do autor, não da PASC, nem das associações que a compõem).


 
É minha convicção de que é urgente consciencializar os cidadãos do carácter infinitamente precioso e insubstituível dos serviços realizados pelos bombeiros voluntários.

Mas, tanto quanto os cidadãos, é desejável que a administração reconheça e estimule a sua importância.

A verdade é que todo o sistema de protecção e socorro, sem os voluntários, desabaria.

A complexidade da vida moderna, o individualismo, as exigências do mundo do trabalho, associadas em parte do nosso território, ao envelhecimento e desertificação, conduzem a alguma crise no voluntariado, nada podendo substituir os voluntários, quer no plano humano, quer no plano orçamental.

Hoje, parece evidente que, se quisermos manter o mesmo nível de protecção, há que, por um lado, alargar o viveiro de recrutamento e, por outro lado, é indispensável fazer com que se aumente o seu tempo de permanência no activo, e fidelizar cada vez mais os já comprometidos.

Três rubricas são da maior importância: gestão de recursos humanos, formação e reconhecimento.

Flexibilidade e adaptabilidade devem ser as palavras-chave.

Se não se quer desencorajar, a formação não pode ser demasiado rígida, é preciso reconhecer as competências profissionais adquiridas, evitar os choques familiares ou com as empresas. Devem ser as preocupações sempre presentes.

A condução dos voluntários deve repousar na adaptabilidade, no diálogo e na concertação.

Um segundo ponto tem a ver com o reconhecimento. Os voluntários não assumem o compromisso por interesse, mas por devoção, dedicação a uma causa que os ultrapassa.

A nobreza deste compromisso não deve ser subestimada.

É importante que a comunidade testemunhe o seu reconhecimento àqueles que lhes dedicam parte do seu tempo e da sua vida.

Os voluntários formam um corpo que tem a sua história, longa e apaixonante, suas tradições e regras, mas exigências próprias.

É indispensável o reconhecimento de tudo isto na lei, que estas especificidades sejam reconhecidas claramente no edifício legislativo, como importa responder de modo claro às novas exigências da protecção jurídica dos voluntários, cada vez mais expostos, nesta perspectiva, por uma vocação que os conduz naturalmente a assumir certos riscos.

Voluntário significa dádiva de si próprio; compromisso desinteressado em proveito da comunidade; vontade de serviço público e o primado do interesse público sobre o interesse pessoal.

Numa época em que ouvimos dizer que vão ser reduzidos os meios aéreos, reduzidos o número de Grupos de primeira intervenção no DECIF e a turbulência com o Ministério da Saúde, pergunto:

Será que não serão os voluntários a primeira força em que as comunidades podem acreditar?

Que mal fizeram ao País, para continuarem a ser maltratados?

A defesa dos nossos princípios, tem de ser feita em voz alta, através de uma postura de absoluta independência e descompromisso com o sistema que tem desconsiderado os Bombeiros.

1 comentário:

  1. As estruturas de Bombeiros Voluntários são hoje um fardo para as autarquias que condiciona o desenvolvimento do país. As Associações de Bombeiros (pessoa coletiva de direito privado) habituaram-se a gastar o que podem e o que não podem, e quando não chega ou se entra em incumprimento pede-se mais ao pai, e a mãe, (ao MAI e à Câmara). As associações de direito provado devem auto sustentar-se, devem ser independentes do Estado nos termos do art.º 46 da Constituição. O Estado não pode suportar os custos de formação, seguros e fardamento para cerca de 100 voluntário que em média tem cada corporação, quando na prática apenas cerca de 28% presta serviço regular, e para assegurar o serviço regular a maioria é remunerada.
    Nos tempos atuais justifica mais ao Estado suportar corpos de bombeiros profissionais, é mais económico e pode exigir-se competência.
    Mas "os voluntários" devem co-existir, como estrutura de reserva, auto sustentada, com apoios limitados, forçando as associações a dispor da necessária originalidade para a viabilização económico-financeira que o seu estatuto de pessoa coletiva de direito privado lhe determina. A violação constitucional de impor às associações de bombeiros um modelo de estatutos tem de ser denunciada, tem de ser abolida, as associações são o que a sua assembleia geral deseja que sejam, a assembleia geral é soberana, e o Estado não pode interferir no seu regular funcionamento ou deliberações.
    Aqui ao lado na vizinha Espanha, os bombeiros não se queixam de falta de equipamento de proteção individual, porque em vez de florearem as suas viaturas com luzinhas e outras americanisses, optam pela proteção e segurança individual. No essencial os bombeiros em Portugal e Espanha são muito diferentes, ou melhor todo o sistema, porque em Portugal o sistema de proteção civil vende protagonismo, olhem para nós, dêem-nos atenção, somos lindos, de vermelho, de amarelo, com tantas luzinhas...., em Espanha não pedem a atenção do cidadão, DÃO A ATENÇÃO AO CIDADÃO QUE DELA PRECISA.
    "ATENCION AL CIDADANO" é o lema

    ResponderEliminar