sexta-feira, 15 de novembro de 2013

UM PAÍS DO C: um artigo de Jorge Marques.

 

por Jorge Marques (Este texto representa apenas o ponto de vista do autor, não da PASC, nem das associações que a compõem).



O uso dos conceitos e das palavras que deveriam ter um sentido, mas que parecem continuar a ser utilizadas abusivamente por parte deste governo, só pode ter como intenção o lançar a confusão e que a prazo se gastem e percam qualquer significado. Roubam-nos também as palavras!

Começou por se falar em consenso e esqueceu-se de tudo o que é mais básico nesse conceito, desde logo a ideia de que há um alfabeto que começa no A, B e por fim é que aparece o C.

Quero com isto dizer que antes do Consenso há o Ascenso, ou seja, fazer subir o nível da discussão e dos problemas a tratar, subir de nível também para ver mais longe e não apenas a paróquia dos partidos do arco da governação. Não há consenso possível quando não se tem uma visão e não se tem uma estratégia para propor ao país. Não há consenso possível quando nem se sabe muito bem o que se quer ou quando já não se representa nada, nem ninguém, quando aquilo que se discute nos bastidores já não tem aderência à realidade.

Mas depois do A vem o B e aqui pode invocar-se o Bom Senso, condição mínima de seriedade para se juntarem pessoas à volta de uma mesa. Nem isso se soube fazer, foi tudo feito de forma atabalhoada, impreparada, como disse, para confundir e passar a bola irresponsavelmente. Tudo do mais baixo nível e com base em pequenos truques de comunicação.

Quando chegamos ao C, já tudo se perdeu pelo caminho, desde a cara ao carácter, desde a credibilidade ao que é mais caro e se chama confiança. Já não há consenso possível e se alguém ainda clama por ele é apenas para fugir às suas próprias responsabilidades. Agora só com gente muito diferente… outra Gente.

Mas não tendo aprendido a lição, eis que uma nova confusão, ainda mais grave, acaba por surgir, agora lançada por um vice-presidente do PSD, também ministro, escudado numa auto-designada Plataforma para a Sustentabilidade… e que ele insiste erradamente em dizer que se trata da Sociedade Civil e feita com gente independente. Agora começa logo por ser tudo uma ilusão, que ele quer servir num prato a que chama pomposamente Compromisso. De novo o C e de novo esquecem-se os princípios básicos deste conceito e que vem antes desse compromisso. O circo vai ser montado para aparecerem uns ilusionistas que farão mais esse número do apelo ao compromisso.

Compromisso é uma competência emocional, sente-se e não é resultado de uma construção de palavras sem sentido e que apenas apelam a mais propaganda, cheias dos piores vícios da comunicação.

Compromisso tem como pressuposto que existe honestidade emocional por parte de quem propõe e isso quer dizer que em primeiro lugar se está a ser honesto consigo próprio, não se está a enganar a si próprio e depois que não se está a querer enganar os outros.

Compromisso quer dizer que quando se pega numa coisa é para a levar até ao fim, há um princípio, um meio e um fim. Quer dizer que há um fluir de ideias que levam a uma decisão. E logo aqui se adultera a própria ideia de decisão, ela não é uma intenção que se lança nos telejornais das 20 horas, ela é o resultado do tal compromisso de que se quer falar, da tal ideia de levar a intenção até ao fim, de um desejo sério de se atingir o objectivo que se criou.

Senhor Ministro Moreira da Silva, Plataforma da Sustentabilidade… este compromisso não pode dar certo, porque não tem um único ponto por onde se pegue e nem há verdade em tudo isto… quando quiserem saber o que é ser Sociedade Civil e Gente Independente e dedicada ao Bem Comum eu mostro-lhes…

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