quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

SOCIEDADE DE MERCADO, ANÓNIMA E CIVIL: um artigo de Jorge Marques.

 

por Jorge Marques (Este texto representa apenas o ponto de vista do autor, não da PASC, nem das associações que a compõem).

 

 

A Sociedade Anónima é, como se sabe, filha e agente legítima da actual Sociedade de Mercado, visa a procura de lucro e tornou-se senhora de quase tudo. Convém lembrar que nada tem a ver com o conceito original de mercado, aquele onde se faziam as trocas e se satisfaziam necessidades.

Na maior parte dos países a Sociedade Anónima tem personalidade jurídica, é tratada como gente, goza dos mesmos direitos e submete-se às mesmas obrigações dos seres humanos.

No entanto, há que avaliar e testar estas semelhanças! Foi o que fizeram um grupo de cineastas ao realizar um documentário a que chamaram “ A Corporação”. Partiram de uma simples pergunta:
 
Se a Sociedade Anónima fosse de facto uma pessoa, que espécie de pessoa seria?

Tentaram responder a esta pergunta com base no Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Americana de Psiquiatria (DSV-IV) e fizeram as respectivas comparações.

Vale a pena antecipar que entre os sete parâmetros que vamos apresentar, a Sociedade Americana de Psiquiatria considera de psicopatas ou sociopatas quem responder positivamente a pelo menos três.

A resposta cabe agora a cada um, mas no final eu darei a minha opinião. Por agora analisem apenas as comparações dessa Sociedade de Mercado e das suas Sociedade Anónimas. O que diz o Manual sobre os comportamentos de risco:

  • Incapacidade para respeitar as normas sociais que regem os comportamentos legais, indicada pela repetição de actos que são motivo para prisão;
  • Propensão para enganar, indicada por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou manipulação dos outros para obtenção de lucro ou prazer pessoal;
  • Impulsividade ou incapacidade para planear o futuro;
  • Irritabilidade e agressividade, indicada por brigas ou agressões frequentes;
  • Desrespeito negligente pela segurança própria e dos outros;
  • Irresponsabilidade constante, indicada pela incapacidade de manter um comportamento consciente no trabalho e de honrar compromissos financeiros;
  • Ausência de remorso, indicada pela indiferença ou pela racionalização do comportamento, depois de ter ferido, maltratado ou roubado alguém.

Penso, muito sinceramente, de que há distúrbios graves de personalidade anti-social nesta nossa Sociedade de Mercado e nos sistemas que a suportam e encontrei não três, mas seis desses sintomas.

A Sociedade Civil é, de todas, aquela que ainda mantém traços e comportamentos de normalidade humana e social, por isso a luta é desigual e não contempla possibilidades de consenso, estamos perante indivíduos e organizações que matam a frio e sem piedade.

É tempo de responder ao Ministro Gaspar que queremos regressar aos mercados, mas aos reais, aqueles onde se compra, vende e troca e não aos que visam exclusivamente a especulação e o lucro, esses são anti-sociais e precisam de internamento e tratamento urgente. Já causaram suficiente mal…precisam ser colocados no seu lugar!

E nós, Sociedade Civil, temos que estar cada vez mais atentos, unidos e mais fortes…

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